flamengo
Impossível contestar um título invicto, mesmo nos estaduais cada vez menos atraentes e relevantes.
No Carioca, o Flamengo venceu os dois turnos pois soube construir resultados contra os pequenos e foi eficiente nas disputas por pênaltis contra os grandes rivais – Botafogo na Taça Guanabara, Flu e Vasco na Taça Rio. Ganhou porque tinha na meta o craque do campeonato: Felipe, regular e decisivo em todo torneio.
Os números da campanha da 32ª taça, ampliando a hegemonia no estado, são respeitáveis: 12 vitórias e sete empates. 30 gols marcados, apenas 13 sofridos. Aproveitamento de 75%. Inferior aos retrospectos das conquistas invictas do clube na era do profissionalismo (81% em 1979 e 87% em 1996 – as outras em 1915 e 1920), mas condizentes com um título sem derrota.
O desempenho, porém, poucas vezes convenceu. Apenas o primeiro tempo da vitória sobre o combalido Vasco no primeiro turno por 2 a 1, a segunda etapa no empate em 1 a 1 diante do Fluminense na semifinal da Taça Rio, alguns bons momentos da virada por 3 a 2 sobre o Olaria no sábado de Carnaval e os noventa minutos dos 2 a 0 no returno contra o frágil Botafogo, eliminado na fase de grupos.
Para triunfar na disputa regional foi suficiente, até porque os rivais colaboraram. Mas dentro do “projeto” do técnico Vanderlei Luxemburgo, que quer o Fla na Libertadores de 2012, ainda é muito pouco. Mesmo com a equipe cumprindo sua obrigação na Copa Brasil até agora – eliminou os jogos de volta contra Murici e Fortaleza com vitórias por 3 a 0 fora de casa e superou o Horizonte com 4 a 1 no agregado pelas oitavas-de-final. No total, invencibilidade de 23 partidas no ano.
As oscilações passam pela indefinição de uma equipe titular e do sistema de jogo. Luxemburgo rodou o elenco em busca de soluções técnicas e táticas. Testou várias, encontrou algumas. Outras seguem à espera de melhores nomes e estratégias.
Início no 4-2-3-1, inclusive na estreia de Ronaldinho contra o Nova Iguaçu. Depois 4-3-3, com o camisa dez emulando as funções de Messi como “falso nove” durante a semifinal da Taça GB contra o Botafogo e a decisão contra o Boavista.
No returno, novas experiências até a definição do 4-3-1-2, com Thiago Neves na ligação e Ronaldinho no ataque, que viveu o melhor momento nos 2 a 0 sobre o Botafogo. Depois de um período de treinamentos e concentração em Atibaia, o Flamengo mostrou consistência e soube compensar suas limitações.
Com a séria, mas frágil dupla de zaga formada por Wellinton e David Braz e deficiência crônica na lateral-esquerda – posição que teve Egídio e as improvisações de Angelim e Renato até definir o lento e hesitante Rodrigo Alvim como titular, Vanderlei protegeu a retaguarda com Willians, Maldonado e Renato Abreu agrupados como volantes.
A nova organização também minimizou os erros de passes. Com os jogadores mais próximos e orientação para simplificar a jogada, o meio-campo fazia a bola chegar a Thiago Neves, autor dos gols. Um deles em passe de Léo Moura, uma ilha de talento pela direita, lado que ficou abandonado com tantos jogadores que procuram naturalmente a esquerda. Sem uma opção de velocidade no ataque formado por Deivid e Ronaldinho, o time investiu num estilo mais cadenciado que se impôs na melhor atuação coletiva do Fla.